As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são vistas muitas vezes como estranhas e incapazes de se relacionar com outros. Por serem mal compreendidos, sofrem com o preconceito. Na premiada série “The Big Bang Theory” o personagem de destaque, o brilhante doutor Sheldon Cooper, interpretado pelo ator Jim Parsons, tem o distúrbio. Na trama, ele apresenta diversas características, como, por exemplo, obsessão por rotinas, dificuldades de demonstrar determinadas emoções e de não conseguir interpretar linguagem subliminar ou gestos e expressões faciais.
Outro personagem que mostra essas particularidades é o Doutor Spock, da antológica série “Jornada nas estrelas”, por não entender expressões de sentimentos dos tripulantes da “USS Enterprise”. Na vida real temos casos famosos, como o jogador Leonel Messi. Dizem que ele possui a Síndrome de Asperger, uma condição mais leve dentro do espectro. Mesmo assim, não deixou de ser o maior astro dos gramados na atualidade. E celebridades como Marcos Mion, Jô Soares, John Travolta e Sylvester Stallone não possuem o transtorno, mas precisaram aprender a conviver com ele, pois tiveram filhos autistas.
A escritora Anita Brito sabe muito bem essa experiência. Doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP) na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia para estudos sobre o TEA, é mãe de um jovem autista, Nicolas Brito Sales. Ela comenta que as suspeitas de que seu filho tinha a síndrome vieram nos primeiros meses de vida, mas a confirmação do diagnóstico apenas com cinco anos. “Quando bebê pouco interagia comigo e quase não me olhava nos olhos. Ele também não gostava de ficar perto e evitava o máximo possível um contato”.
- Disseram que meu filho era uma criança mimada, psicótica, retardada, entre outros termos. Honestamente não sei como eles não viam que o diagnóstico do meu filho era claro –relata a mãe de Nicolas sobre o que disseram alguns médicos e psicólogos.
Anita contou que sempre trabalhou a independência do jovem. Segundo ela, Nicolas ajuda em casa, vai ao mercado, arruma-se sozinho desde os 9 anos para ir à escola e está aprendendo a cozinhar. “Tudo o que fazemos com ele tem ajudado a trabalhar a coordenação motora fina e grossa, além do tônus muscular e questões sensoriais”.
- Ensinamos que em casa todo mundo tem obrigações, pois nos ajudamos e com ele não é diferente. Não é porque ele é autista que vamos colocá-lo em uma redoma de vidro. Gostamos de ensinar independência para ele – explica.
De acordo com o neuropediatra Dr. Clay Brites, poucas pessoas sabem que há diferentes classificações identificadas pela intensidade do autismo, como, por exemplo, leve, moderada e severa. Elas são definidas pelo grau de comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor, das questões adaptativas, nível de dependência e necessidade de intervenções para obter mínima funcionalidade. “A avaliação e o diagnóstico correto do paciente são fundamentais para buscar meios de ajudá-los a superar todos os obstáculos do transtorno”.